
Um câncer raro, agressivo e ainda pouco conhecido pela população está no centro das atenções neste Julho Amarelo: o sarcoma. Responsável por menos de 3% das neoplasias malignas, esse tipo de tumor pode afetar ossos e tecidos moles, como músculos, tendões, cartilagens e vasos sanguíneos. Apesar da baixa incidência, o sarcoma preocupa especialistas pelo alto grau de agressividade e pelo fato de atingir, com frequência, crianças, adolescentes e jovens adultos. O Governo do Estado alerta a população para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da neoplasia.
Santa Catarina possui uma rede de assistência robusta com atendimento especializado em Oncologia em 19 hospitais habilitados pelo Ministério da Saúde. Entre os serviços disponibilizados estão consultas, exames, radioterapia, quimioterapia, cirurgias, imunoterapia e terapia hormonal.
Entre eles, o Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON), unidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que já registrou 107 atendimentos, com 39 cirurgias realizadas e 17 novos pacientes no primeiro semestre de 2025. Referência estadual no tratamento do câncer, a instituição reforça que quanto mais cedo o tumor for detectado, maiores são as chances de cura e preservação da qualidade de vida.
O Diretor-geral, Dr. Marcelo Zanchet, destaca o esforço da instituição em oferecer uma abordagem completa, que alia tecnologia, cuidado integral e acolhimento. “Nosso objetivo é proporcionar não apenas a melhor abordagem terapêutica, mas também garantir que o paciente tenha qualidade de vida durante todo o processo de tratamento. No CEPON, contamos com a Ala de Adolescentes e Jovens Adultos (AJAS), um espaço projetado para acolher jovens a partir dos 15 anos, onde o acolhimento e a humanização são prioridades”, afirma.
Sinais de alerta
O sarcoma pode se manifestar de forma primária nos ossos ou tecidos moles, ou surgir como metástase de outros tipos de câncer. Os subtipos mais comuns incluem o osteossarcoma, condrossarcoma e sarcoma de Ewing.
Segundo o coordenador do setor de ortopedia, Dr. Elcio Madruga, é fundamental reconhecer os sinais de alerta. “Os sarcomas ósseos e de partes moles podem se manifestar de várias formas — dor persistente nos membros, aumento de volume, presença de massas palpáveis e até aparecimento de linfonodos, que são pequenas ínguas. Em muitos casos, o primeiro sinal é uma fratura espontânea, quando o osso se quebra sem motivo aparente. Mas os sarcomas não se limitam aos ossos; também podem surgir em outras regiões, como a parede abdominal, onde causam dor, alterações intestinais ou hepáticas, dependendo do órgão afetado. São, em geral, tumores de alta agressividade e que exigem um tratamento integrado, envolvendo cirurgia, quimioterapia e radioterapia”, explica.
Se o paciente sentir algum desses sintomas, é importante buscar atendimento em unidade de saúde a fim de realizar o diagnóstico precocemente.
A história de Thayla
A trajetória de Thayla Diana Parise, 28 anos, é um retrato do impacto do sarcoma e da importância do acesso rápido ao tratamento. Diagnosticada com sarcoma sinovial, ela conta que os primeiros sinais surgiram com um nódulo no braço direito, que cresceu rapidamente, comprometendo os movimentos do membro. “Começou com um nódulo pequeno, mas ele foi crescendo muito rápido e limitando a movimentação do meu braço. Depois, vieram as dores e a dificuldade para mexer o braço por completo”, lembra.
Após o diagnóstico, Thayla iniciou o tratamento com cirurgia para retirada do tumor. Em seguida, enfrentou um esquema de quimioterapia chamado de “sanduíche”: foram três ciclos iniciais, pausa para a radioterapia, e depois mais três ciclos de quimioterapia. Atendida no AJAS do CEPON, Thayla destaca a humanização no tratamento. “Sempre fui muito bem atendida, tanto durante os ciclos quanto nos momentos em que precisei de orientação e apoio. O cuidado no AJAS fez toda a diferença”, afirma.
Durante o acompanhamento, Thayla teve uma metástase pulmonar, precisando realizar uma nova cirurgia e mais um ano de quimioterapia. Atualmente, ela segue realizando consultas trimestrais, exames de imagem e sangue. “Tenho me sentido muito bem, sem novos sintomas. O pós-tratamento tem sido tranquilo e sigo monitorando com a equipe do CEPON”, finaliza.
Reportagem: Jornalista: Michelle Valle/ Assessoria de Comunicação do CEPON