Um balanço final da Operação Contenção, deflagrada no Rio de Janeiro nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha contra o crime organizado, indica a prisão de 81 criminosos e a apreensão de 93 fuzis, além de pistolas, granadas e mais de 500 quilos de entorpecentes.

MAIS DE 2,5 MIL POLICIAIS ENVOLVIDOS NA OPERAÇÃO

A ação mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares, com a participação do Ministério Público do RJ, e teve como objetivo cumprir mandados de prisão e conter a expansão territorial da facção criminosa Comando Vermelho. Durante a ação, houve intenso tiroteio e quatro policiais foram mortos, sendo dois civis e dois militares do Bope, a tropa de elite da PM.

Segundo o governo do Rio de Janeiro, a operação é resultado de mais de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), nos complexos do Alemão e da Penha, que reúnem 26 comunidades. Durante todo o dia foram registrados diversos confrontos, principalmente na área de mata.

Operação no RJ é considerada “a mais letal da história” e ganha repercussão internacional
Foto: reprodução Estadão

OPERAÇÃO MAIS LETAL DA HISTÓRIA DO RIO DE JANEIRO

Esta é a operação mais letal da história do estado, segundo números confirmados pelo Palácio Guanabara. 64 mortes já foram confirmadas oficialmente, mas a estimativa total deve passar de 100. Isso porque perícias ainda devem confirmar se algumas mortes estão relacionadas com a ação.

Moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, levaram diversos corpos para a Praça São Lucas, uma das principais da região, ao longo da madrugada desta quarta-feira (29), o dia seguinte à operação. Os corpos levados à praça não constavam dos números oficiais, informou o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes Nogueira.

REPERCUSSÃO NA ONU E NA IMPRENSA INTERNACIONAL

A operação deflagrada pelo governo do Rio de Janeiro, nessa terça-feira (28), contra a facção Comando Vermelho, teve repercussão internacional por conta das dezenas de mortes.

A ONU (Organização das Nações Unidas) fez um post, no fim da noite de ontem, em seu perfil na rede X (antigo Twitter), onde escreveu: “Brasil: estamos horrorizados com a operação policial em andamento nas favelas do Rio de Janeiro, que já teria resultado na morte de mais de 60 pessoas, incluindo quatro policiais. Esta operação letal reforça a tendência de consequências extremamente fatais das ações policiais nas comunidades marginalizadas do Brasil. Relembramos às autoridades suas obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos e instamos a realização de investigações rápidas e eficazes”.

Operação no RJ é considerada “a mais letal da história” e ganha repercussão internacional
Foto: reprodução Estadão
  • O jornal inglês The Guardian publicou matéria com o  título: “Brasil: ao menos 64 mortos no dia mais violento do Rio de Janeiro em meio a batidas policiais”.
  • O espanhol El País cravou em sua reportagem sobre a operação que o “Rio de Janeiro vive uma jornada de caos colossal e intensos tiroteios por uma ação policial contra o crime organizado que já é a mais letal da história da cidade brasileira”.
  • O Le Figaro, importante jornal da França, relata em sua reportagem que há muita “contestação sobre a eficácia destas operações policiais de grande porte no Rio de Janeiro, no entanto, elas são comuns na cidade”.
  • O New York Times chamou a ação policial de “a mais mortal da história do Rio, com quatro policiais mortos e, ao menos, 60 pessoas mortas. Foi um ataque aos ‘narcoterroristas’, disse o governador do estado”.
  • O periódico argentino Clarín reproduziu o post de um brasileiro e estampou em seu site: “não é Gaza, é o Rio”.
Operação no RJ é considerada “a mais letal da história” e ganha repercussão internacional
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

O DIA SEGUINTE NO RIO DE JANEIRO

Às 6h, o Centro de Operações e Resiliência (COR) da prefeitura anunciou que a cidade retornou ao estágio 1, o menor em uma escala de 5, que “significa que não há ocorrências de grande impacto”. O estágio 2 havia sido acionado às 13h48 de ontem, por causa das interdições em diversas ruas e dos problemas nos modais de transporte.

Durante a madrugada, todas as ruas que ainda estavam bloqueadas por barricadas foram liberadas. Os transportes também funcionam sem problemas nesta manhã. De acordo com o COR, as operações dos ônibus, VLT, BRT, metrô, trens e barcas ocorrem sem alterações. Na terça, por causa das interdições, mais de 200 linhas tiveram seus itinerários interrompidos.

A Secretaria Municipal de Educação informa que, na região do Alemão, 31 escolas tiveram aulas suspensas. Na Penha, 17 escolas ficaram sem aulas. Já a Secretaria de Estado de Educação informa que, até o momento, 35 unidades da rede estadual suspenderam as aulas.

Com informações da Agência Brasil / Polícia Militar – RJ / Governo do RJ