
Neste Dia Internacional da Mulher na Engenharia parabenizamos a todas as profissionais do sistema e do Crea-SC! E celebramos a representatividade feminina no setor tecnológico, destacando as quatro mulheres engenheiras na diretoria do Conselho: A engª civil Kamila Rodrigues, presidente em exercício até 30.06 e as diretoras engª agrônoma Fabiana Alexandre Branco, 2ª vice-presidente; engª sanitarista, ambiental e de seg. do trab. Fernanda Vanhoni, diretora financeira; e a engª de alimentos Janaína Andreazza, diretora de relações institucionais. O exemplo de Santa Catarina coloca as mulheres em posições de liderança, servindo de inspiração para que novas profissionais busquem se capacitar e ocupar esses espaços.
Acompanhe abaixo a entrevista com as diretoras!

A presidente em exercício, engª Kamila Rodrigues, destaca que a atuação de profissionais mulheres fortalece não só a presença feminina no mercado, mas também impulsiona a busca por igualdade de oportunidades, valorizando a pluralidade de ideias e experiências.
“Somos exemplo de dedicação técnica, visão transformadora e comprometimento com a sociedade, seja nos campos da engenharia, da agronomia ou das geociências”, destaca Kamila, parabenizando as profissionais pela data. “Em cada projeto, pesquisa, laudo, seja no campo ou canteiro, deixamos nossa marca, muitas vezes enfrentando desafios estruturais com coragem e profissionalismo”.

“A representatividade feminina precisa ser visível, acessível e natural em todos os níveis do Sistema. E isso se constrói com políticas, escuta ativa e ações consistentes — que abrangem todas as modalidades que compõem o Sistema Confea/Crea”

“Existe um trabalho quase silencioso e contínuo de convencimento das mulheres para que elas participem mais do Sistema, então uma das ações é mostrar que estamos num ambiente acolhedor, onde todas são bem-vindas e que precisamos pensar mais em nós, no que realmente nos satisfaz, para não entrar no looping de casa-trabalho-família. A criação da AME foi uma das ações mais efetivas para nosso fortalecimento”

“O primeiro passo é entender que representatividade não é apenas ocupar espaço, mas ter voz, influência e oportunidade de transformar realidades. Garantir isso passa por políticas institucionais claras de inclusão, incentivo à formação continuada e criação de ambientes seguros, acolhedores e colaborativos”
Histórico data comemorativa – O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia surgiu em 2014, no Reino Unido, promovido pela Women’s Engineering Society (WES). A iniciativa foi criada para reconhecer e celebrar as contribuições das mulheres na engenharia, além de incentivar as mais jovens a seguir carreiras nessa área. O dia destaca a importância da diversidade de gênero no setor, promovendo a igualdade e combatendo estereótipos que afastam mulheres desta profissão essencial para o desenvolvimento tecnológico e científico.
Acompanhe abaixo a entrevista com as diretoras!
Quais escolhas e experiências profissionais em sua trajetória você acha que foram essenciais para que ocupasse o cargo de liderança e representatividade que exerce hoje?
Kamila Rodrigues – Desde pequena, sempre tive uma paixão por liderar, estar à frente e fazer as coisas acontecerem. Ao me formar busquei entender mais sobre o sistema Confea/Crea, e porque era importante o registro para exercer a profissão. Iniciei minha trajetória como inspetora, depois fui presidente da ASCEA – Associação de Engenheiros, experiência que me aproximou ainda mais do funcionamento da entidade e reforçou a vontade de contribuir com a engenharia. Após isso conselheira suplente, diretora regional e, por fim, conselheira titular que me levou à diretoria do Crea-SC. Cada etapa foi construída com dedicação e esforço, sempre movida pelo desejo de fazer a diferença na engenharia.
Fabiana Branco – Minha trajetória é construída com base no compromisso técnico, no serviço público e no diálogo com a sociedade. Como engenheira agrônoma de carreira da Cidasc, atuo há mais de uma década na fiscalização agropecuária e na defesa sanitária vegetal — áreas que exigem responsabilidade, presença institucional e conhecimento prático.
Atuei como Coordenadora Estadual de Educação Sanitária, contribuindo para o fortalecimento de programas como o “Sanitarista Júnior” e o “Sanitarista Acadêmico”. Essa experiência me ensinou que a transformação começa pela educação — e que ela deve alcançar crianças, jovens e produtores rurais, conscientizando sobre a importância da defesa agropecuária, da saúde única e da responsabilidade compartilhada no campo.
Hoje, como Gestora Estadual da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Cidasc, Diretora Executiva do SEAGRO-SC e 2ª Vice-Presidente do CREA-SC, meu compromisso é com a técnica, com o pertencimento e com a construção de pontes entre o setor público, os profissionais e a sociedade.
Fernanda Vanhoni – A paixão pela engenharia me fez querer sempre mais do que apenas exercer a profissão e ganhar dinheiro. Trabalhar pela valorização da nossa categoria desde o início das minhas atividades profissionais certamente foi o que me conduziu por este caminho.
Janaina Andreazza – Minha trajetória começou muito antes da escolha pelo curso de engenharia. Meu pai foi minha maior inspiração. Cresci observando sua dedicação, ética e paixão pelo trabalho, valores que carreguei comigo desde muito jovem. Escolhi cursar Engenharia de Alimentos na UFSC, onde me formei em 2001, e trilhei uma jornada acadêmica intensa: mestrado, doutorado e pós-doutorado em Engenharia Química, todos concluídos na mesma instituição.
Desde o início da minha carreira, optei por estar próxima da formação de futuros engenheiros. Ser professora é, sem dúvida, uma das maiores responsabilidades e honras da minha vida. Estar em sala de aula há mais de duas décadas, convivendo diariamente com diferentes gerações, me ensinou mais do que qualquer livro poderia: a escuta ativa, o senso de empatia, a busca constante por soluções, o olhar atento às necessidades coletivas e, sobretudo, o poder transformador da educação.
Acredito que foi essa base — sólida na técnica, mas profundamente humana — que me conduziu naturalmente a ocupar espaços de liderança. Minha trajetória sempre esteve conectada ao desenvolvimento das pessoas, à valorização da engenharia e ao compromisso com uma atuação ética, inclusiva e comprometida com o bem coletivo.
Que ações estão sendo pensadas para fortalecer a atuação das mulheres dentro do Sistema Confea/Crea?
Kamila Rodrigues – O Crea-SC tem o Comitê Mulher que visa aproximação das inspetoras, conselheiras e lideranças femininas na engenharia. No último ano criamos a AME – Associação de Mulheres na Engenharia, onde as associadas têm o mesmo objetivo de valorização da profissão e de inspirar outras mulheres a ocuparem cargos de gestão e liderança.
Fabiana Branco – No CREA-SC, temos avançado com ações efetivas de inclusão e valorização das mulheres nas diversas áreas da engenharia, da agronomia e das geociências.
A criação e o fortalecimento do Comitê Mulher, a presença feminina na diretoria e o incentivo à participação técnica em câmaras especializadas são marcos importantes nesse processo. Trabalhamos para promover ambientes institucionais respeitosos e seguros, e para garantir oportunidades reais de crescimento e protagonismo às profissionais.
A representatividade feminina precisa ser visível, acessível e natural em todos os níveis do Sistema. E isso se constrói com políticas, escuta ativa e ações consistentes — que abrangem todas as modalidades que compõem o Sistema Confea/Crea
Fernanda Vanhoni– Existe um trabalho quase silencioso e contínuo de convencimento das mulheres para que elas participem mais do Sistema, então uma das ações é mostrar que estamos num ambiente acolhedor, onde todas são bem-vindas e que precisamos pensar mais em nós, no que realmente nos satisfaz, para não entrar no looping de casa-trabalho-família. A criação da AME foi uma das ações mais efetivas para nosso fortalecimento.
Janaina Andreazza – Nosso compromisso é tornar o Sistema cada vez mais inclusivo e representativo. Temos atuado fortemente para ampliar o protagonismo feminino, tanto na participação institucional quanto na valorização das profissionais da engenharia, agronomia e geociências.
Estamos estruturando programas que promovem a visibilidade das mulheres na área tecnológica, além de incentivar a presença feminina em espaços decisórios. Isso passa, necessariamente, pela promoção de eventos, mentorias, redes de apoio e capacitações específicas voltadas às mulheres. Também buscamos fortalecer parcerias com instituições de ensino, empresas e entidades de classe para criar ambientes que acolham, desenvolvam e impulsionem mulheres a ocuparem posições de liderança, seja no setor público, privado ou dentro do próprio Sistema Confea/Crea.
Como garantir que mais mulheres tenham acesso a oportunidades de capacitação, liderança e protagonismo no setor tecnológico?
Kamila Rodrigues – Incentivar empresas e instituições a adotarem políticas que valorizem a presença feminina, criando ambientes mais acolhedores e livres de preconceitos; desenvolver cursos, workshops e mentorias voltados para mulheres, ajudando-as a adquirir habilidades técnicas e de liderança; divulgar histórias de mulheres que alcançaram destaque na tecnologia, inspirando novas gerações a acreditarem que também podem chegar lá; incentivar meninas a se interessarem por ciência, tecnologia, engenharia e matemática, criando uma base sólida para futuras carreiras no setor. Ao unir esses esforços, podemos criar um ambiente mais justo, inovador e representativo, onde mais mulheres possam protagonizar e liderar no setor tecnológico.
Fabiana Branco – Precisamos trabalhar em três frentes: acesso, apoio e valorização. Acesso por meio de programas de formação técnica e incentivo à entrada de jovens mulheres nas engenharias, na agronomia e nas geociências. Apoio com políticas públicas e estruturas institucionais que acolham, orientem e fortaleçam essas profissionais. E valorização por meio do reconhecimento do mérito técnico, da produção intelectual e da atuação ética.
No Crea-SC, defendemos capacitações específicas para engenheiras, com foco em tecnologia aplicada, sustentabilidade, inovação e liderança. Nossa meta é fazer com que mais mulheres se vejam — e sejam vistas — como protagonistas na construção de um setor tecnológico mais justo, diverso e inovador.
Fernanda Vanhoni– As mulheres já tem isso garantido, só que elas não sabem disso e compete a nós, hoje lideranças, mostrar o caminho. A participação nas entidades de classe é o primeiro passo.
Janaina Andreazza – O primeiro passo é entender que representatividade não é apenas ocupar espaço, mas ter voz, influência e oportunidade de transformar realidades. Garantir isso passa por políticas institucionais claras de inclusão, incentivo à formação continuada e criação de ambientes seguros, acolhedores e colaborativos.
Queremos propor programas de desenvolvimento de competências em liderança e gestão, além de fomentar redes de mentoria entre profissionais experientes e jovens engenheiras. Isso cria um ciclo virtuoso, onde cada mulher que cresce e se desenvolve abre caminho para muitas outras.
Capacitar mulheres é também fortalecer a engenharia, pois trazemos olhares diversos, sensíveis e altamente comprometidos com soluções sustentáveis, inovadoras e socialmente responsáveis.
Como você imagina o cenário da engenharia e da representação feminina em SC e ou no Brasil nos próximos 10 anos?
Kamila Rodrigues – Nos próximos 10 anos, eu imagino um cenário onde a engenharia e a representação feminina em Santa Catarina e no Brasil possam evoluir bastante. Com o avanço de políticas de inclusão, programas de capacitação e maior conscientização sobre a importância da diversidade, acredito que veremos mais mulheres ocupando posições de liderança, atuando em projetos inovadores e contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país.
Claro que ainda há desafios a superar, como o combate ao preconceito e a necessidade de mais incentivo desde a educação básica, mas a tendência é de crescimento e transformação positiva. Com o esforço conjunto de instituições, empresas e profissionais, acredito que veremos uma engenharia mais representativa, inovadora e capaz de refletir a pluralidade do nosso país. Estou otimista de que, em uma década, teremos muitas histórias de sucesso e protagonismo feminino que irão inspirar ainda mais Mulheres a fazerem a diferença!
Fabiana Branco– Eu imagino um cenário onde mulheres estarão em número crescente nos espaços técnicos, decisórios e institucionais. Onde a presença feminina na engenharia, na agronomia e nas geociências seja natural, respeitada e valorizada pela sua competência.
Vejo um CREA-SC e um Brasil onde a equidade de gênero esteja institucionalizada, com políticas estruturantes e ações permanentes. E imagino profissionais com trajetórias inspiradoras, liderando projetos, formando novas gerações e transformando realidades com técnica e sensibilidade.
Fernanda Vanhoni- Estamos enfrentando um sério problema de desinteresse generalizado aos cursos de engenharia, porque os jovens acham que é um curso difícil e de baixo retorno financeiro. Então, o trabalho executado não está voltado exclusivamente para as mulheres, mas para todos, mostrando porque vale muito a pena cursar engenharia e trabalhar na área. Sinceramente espero e imagino que, com a valorização da profissão, mostrando o quão importante é o nosso trabalho, que a engenharia está em todos os lugares, os jovens homens e mulheres despertem o interesse e a vocação. Temos espaço para todos, mas gostaria muito de ver mais mulheres no protagonismo e não somente nos bastidores.
Janaina Andreazza – Sou absolutamente otimista. Vejo um cenário onde a presença feminina na engenharia deixa de ser exceção para se tornar parte essencial da construção do futuro. Nos próximos dez anos, acredito que teremos não apenas mais mulheres nas universidades, mas também liderando projetos, empresas, pesquisas e ocupando cadeiras nas instituições que regulam e defendem nossa profissão.
Imagino uma engenharia mais diversa, mais aberta, mais alinhada aos desafios contemporâneos, como sustentabilidade, transformação digital e desenvolvimento social. E não tenho dúvida de que as mulheres serão protagonistas desse movimento.
Qual legado você espera deixar com sua atuação nesta gestão?
Kamila Rodrigues – Meu maior desejo é deixar um legado de apoio e inspiração. Espero contribuir para que mais Mulheres se sintam encorajadas a participar, inovar e liderar, promovendo a diversidade e o protagonismo feminino. Basta acreditar que tudo é possível e que a nossa história de sucesso inspire muitas outras a seguirem o mesmo caminho.
Fabiana Branco- Espero que a nossa gestão deixe o legado de um sistema mais humano, técnico, ético e verdadeiramente representativo. Quero que outras mulheres se reconheçam nesse caminho — e saibam que é possível liderar com firmeza sem abrir mão da sensibilidade, da coerência e da escuta. Um legado que não se resuma a cargos ou funções, mas que se traduza em transformações reais na forma como a engenharia, a agronomia e as geociências acolhem, valorizam e projetam suas profissionais.
Quero ser lembrada como uma profissional que honrou sua categoria, construiu com propósito e inspirou outras mulheres a acreditarem no seu espaço, na sua voz, na sua capacidade técnica e no seu papel como agentes de mudança.
Fernanda Vanhoni– O legado mais importante é mostrar que somos importantes para o sistema e que temos espaço para trabalhar, com as mesmas oportunidades e mesmas condições, só precisamos nos colocar à disposição.
Janaina Andreazza – Meu maior desejo é que minha atuação inspire mais mulheres a acreditarem que pertencem, sim, ao Sistema Confea/Crea, à engenharia e aos espaços de decisão. Quero que as futuras gerações olhem para trás e vejam que, em algum momento, alguém abriu uma porta, construiu uma ponte, estendeu a mão. Que ficou mais fácil trilhar o caminho, porque houve quem lutasse antes.
Se eu puder deixar como legado uma engenharia mais inclusiva, mais representativa e mais humana, então minha missão terá sido cumprida. Porque fortalecer as mulheres na engenharia é, acima de tudo, fortalecer toda a sociedade e o futuro que queremos construir.
Saiba mais sobre as diretoras
Kamila Rodrigues
Participa ativamente do Sistema Confea/Crea desde 2014.
Presidente da Associação Sul Catarinense de Engenheiros e Arquitetos (ASCEA) por dois anos.
Diretora regional da ASCEA em Criciúma por quatro anos.
Conselheira indicada pela ASCEA no Crea-SC em 2025.
Sócia da empresa KRS Engenharia desde 2018.
1ª vice-presidente do Crea-SC em 2025, atualmente presidente em exercício.
Fabiana Alexandre
Funcionária de carreira da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).
Gestora da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal (DIDEV).
Coordenadora adjunta da Câmara Especializada de Agronomia do Crea-SC em 2024.
Representante do Sindicato dos Engenheiros Agrônomos de Santa Catarina (Seagro-SC) no Coletivo de Mulheres da Fisenge.
2ª vice-presidente do Crea-SC em 2025.
Fernanda Vanhoni
Gerente de engenharia da Veolia Brasil desde 2003.
Professora em instituições de ensino superior.
Quatro mandatos como vice-presidente do Crea-SC.
Atuou como presidente do Crea-SC em ocasiões interinas.
Amplo conhecimento do funcionamento interno do Sistema Confea/Crea.
Diretora financeira do Crea-SC em 2025
Janaína Andreazza
Professora universitária com mais de 20 anos de experiência acadêmica.
Docente na UNISOCIESC.
Conselheira do Crea-SC.
Experiência acadêmica aplicada à atuação institucional e representativa na engenharia.
Diretora de relações institucionais do Crea-SC em 2025, em sua primeira experiência na diretoria.